Biografia - Cap. 3
![]() | Fonte: Capa do disco de 2008
1962. Numa altura em que o pop rock em Portugal ainda dava os primeiros passos - os primeiros trabalhos dos Conchas, de Daniel Bacelar e de Zeca do Rock tinham sido editados em 1960 - a Madeira era uma porta para o mundo ocidental com alguns privilégios sobre o resto do país, graças ao florescente turismo local. Max, porventura o mais conhecido dos músicos madeirenses a construir uma carreira a nível nacional, foi o paradigma da riqueza das denominadas Noites da Madeira, a quem nem os cultores das novas linguagens eléctricas se podiam mostrar alheios.
Assim o Conjunto João Paulo, os Demónios Negros e os Dinâmicos - os três grupos madeirenses a alcançar fama no resto do país - incorporavam com plena naturalidade no seu reportório tanto os temas franceses, italianos e latino-americanos, como canções que chegaram de Inglaterra e Estados Unidos e que faziam as delícias de um público mais jovem. O Conjunto João Paulo deixou isso bem patente logo no primeiro EP que gravou, onde juntava duas composições de Charles Aznavour, Hello Dolly de Louis Armstrong e Ma Vie.
Entre 1965 e 1967, o grupo conquista praticamente todos os prémios e honras possíveis para um conjunto musical. Em plena onda de sucesso, Sérgio Borges participou no Grande Prémio TV da Canção de 1966, com 'Nunca Direi Adeus' tendo-se classificado em 2º lugar.
Entretanto, desde 1965 que o grupo se profissionalizara, contando com os préstimos do agente José Luís Farinha. Passando a residir em Sacavém, o grupo mantinha o seu reportório constantemente actualizado. O sucesso mundial dos Beatles não lhes podia, obviamente, ser alheio, e ainda que em disco não tenham chegado a gravar nenhum tema do grupo de Liverpool, ao vivo interpretaram alguns dos seus maiores sucessos. 1965 foi também o ano de maior sucesso do Conjunto João Paulo. A escrita de originais era cada vez mais uma das apostas do Conjunto João Paulo, o que se notava nos discos, em que passavam a surgir com regularidade uma ou duas canções próprias. As versões dos sucessos franceses e italianos continuariam, mas há também uma forte inflexão para a pop norte-americana.
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